Creche do IPF em dia de festa com as mães e bebês

6 de maio de 2011 - 03:00

Balões coloridos, cartazes, corações, desenhos da turma da Mônica pintados nas paredes, choros e risos de crianças e muitas histórias de vida fizeram parte da manhã da quinta-feira (dia 05 de maio), na creche Irmã Marta do Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa (IPF), antecipando as comemorações do segundo domingo de maio, Dia das Mães. A festa foi dedicada para as oito mães grávidas e para as onze que estão convivendo com os seus bebês, de acordo com o que determina a Lei de Execuções Penais. 

O evento acontece todos os anos reunindo as mamães e gestantes em momento mais íntimo, quando elas recebem presentes e tem almoço especial. Já no domingo, é o dia de receber os outros filhos maiores que estão na guarda da família ou em abrigos. Para a diretora do IPF, Ana Lupe Araújo, em virtude das separações familiares estas datas são sempre aguardadas com alegria e recheadas de emoções.

Neste domingo, a garotada vai ter de 10 às 12 horas, momentos de atividades lúdicas, com o grupo VivAção, com o início do projeto “Criança Livre – Brincando e Educando no Cárcere”, planejado para entreter os filhos, aproximadamente 50 crianças, durante a visitação infantil, que ocorre no segundo domingo de cada mês. 

Fragmentos de vidas – Muitas são as histórias de vidas, muitos lamentos, mas muitas alegrias são compartilhadas no cotidiano da Penitenciária. Uma delas é a possibilidade de ver os filhos e parentes neste domingo, dia em que as famílias de todo o país estarão reunidas, e dia de visita especial nas unidades penais.   


Primeira vez – Pela primeira vez, M.N. está no IPF. “Minha vida era maravilhosa e não tenho do que reclamar de nada. O único problema era meu esposo na CPPL, e como só tem a gente, porque ele não tem pai nem mãe, só recebia a nossa visita. Agora eu estou aqui também nesta situação. Graças a Deus meus filhos estão em boas mãos com a minha mãe. Estamos casados há seis anos”, informa.

E vai narrando, aos poucos, sua história: “Fui pega em flagrante, artigo 33, numa revista da Casa de Privação Provisória de Liberdade III, em Itaitinga, quando levava droga para o meu marido. Não queria, mas precisava ajudá-lo a pagar uma dívida com outros presidiários, porque ele é usuário. Minha mãe, que é tudo para mim, já esteve aqui por três vezes para tratar da minha liberdade. Aqui me disseram que a pena pode até ser grande, porque posso ser julgada, por tráfico, mas tive meus motivos, meu marido tinha este pagamento para fazer. Tenho três filhos, dois meninos (06 e 05 anos) e esta neném de 08 meses”.  

No cenário preparado para o significado do próximo final de semana, Marília comenta: “domingo terei minha primeira visita e a felicidade de rever meus filhos. Minha mãe e minha irmã vão trazer os dois. Se eu puder falar para as mães, eu quero dizer, que esta vida é indesejável, apesar do convívio que pode ser bom com as outras internas. Que as jovens pensem sempre no que a mãe diz, principalmente, as mães jovens, pensem nos seus atos, quando forem responsáveis por outras vidas”.  E finaliza com a rotina de cada dia: “no alojamento, às oito da noite, parece um trem da alegria: é hora de choro, de cantiga e de fazer dormir, mas às nove é o nosso momento de oração e de pensar nas tarefas da casa do dia seguinte.” 

Família grande – Mãe de onze filhos, esperando o décimo segundo, número que marca a idade de quando ficou grávida pela primeira vez, R.C. ,35 anos, se diz feliz, apesar da situação em que se está passando. “Não me arrependo de ter tantos filhos. São cinco meninos e quatro meninas, dois morreram. A mais velha tem vinte anos estuda e trabalha. Os outros, também, menos o de 2 e o de 6 anos, porque perdeu a matrícula, quando tive que vir para cá. Tenho muito orgulho do meu marido, pai deles”, disse. Prossegue com a sua história: “Hoje em dia eles estão todos separados, metade com o pai e metade com a minha mãe. Estou com dois meses aqui, mas tenho fé em Deus que vou sair logo.”  R.C. fora indiciada por roubo, art 155.