Egresso do sistema penitenciário lança livro na programação dos 120 anos da Sejus

14 de junho de 2011 - 03:00

O Seminário 120 anos da Secretaria da Justiça e Cidadania tem início hoje, terça-feira, dia 14 de junho, no auditório da Sejus (Rua Tenente Benévolo, 1055, Meireles). Monitoramento eletrônico, violações contemporâneas do direito do cidadão, os modelos penitenciários do mundo, cidadania e ressocialização estão entre os temas debatidos por dois dias entre palestrantes e partícipes.

 

Na abertura, às 14h, antropóloga Glória Diógenes discute as políticas públicas para a cidadania. Às 16h, a Sejus promove o lançamento do livro “Penas mais rígidas: justiça ou vingança”, de Cornélius Okwudili Ezeokeke, primeiro número da Coleção Voz sem Veto/Justiça e Cidadania, escrito por um egresso do sistema penitenciário. Estrangeiro, Cornélius cumpriu pena por tráfico internacional de drogas no Ceará e foi dentro do sistema penitenciário que conseguiu terminar os ensinos fundamental, médio e superior. O autor conta sua história aos presentes. Uma voz a ser ouvida, de quem entrou pela porta dos fundos do país e deu exemplo de superação em cursos voltados aos privados de liberdade.

 

Para aprofundar a temática da ressocialização, a professora Celina Gurgel, do Laboratório dos Estudos da Violência da UFC, o diretor do IPPOO II, Erick Márcio, que conta a experiência do projeto APAC na unidade, a juíza Graça Quental, que nos traz a experiência do programa Começar de Novo e a defensora pública e assessora especial da  Sejus, Patrícia Sá Leitão narram êxitos e caminhos a serem traçados pelo sistema penitenciário cearense para a recuperação social dos internos.

 

Para a secretária da Justiça e Cidadania, Mariana Lobo, as discussões públicas sobre o encarceramento são salutares. “Na indivisibilidade dos direitos humanos, o investimento no ser humano encarcerado reflete-se em todos que anseiam por uma cultura de paz. A ausência desta atitude, de igual forma, mas de efeito reverso, repercutirá significativamente no aumento da criminalidade atingindo a todos. A  paz social é um desafio conjunto e uma construção coletiva”, afirma.

 

O autor – Cornélius Okwudili Ezeokeke nasceu na Nigéria – África, e está no Brasil desde 1997 (sendo a maior parte destes anos em privação de liberdade, por tráfico internacional de drogas). Concluiu ensino fundamental e médio no interior do próprio presídio, através da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Dentro do presídio, foi um dos 30 vencedores do Concurso Nacional de Redação “Escrevendo a Liberdade”, promovido pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), com apoio da Alfabetização Solidária (Alfasol) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), concorrendo com 7.800 participantes. É bacharel em Teologia pelo Instituto de Ciências Religiosas de Fortaleza (Icre) – hoje unificado com a Faculdade Católica de Fortaleza (FCF) -, curso esse ministrado dentro da própria prisão. Em março de 2011, iniciou um curso de especialização em Segurança Pública, pela Universidade do Parlamento Cearense, em parceria com a Faculdade Ateneu.  

 

2o dia do Seminário

 

Na quarta-feira, dia 15, às 10h, “Os Modelos Penitenciários do Mundo” serão tema da palestra do professor César Oliveira de Barros Leal, doutor e pós-doutor em estudos latinos-americanos pela Universidade Nacional Autonoma do México e especialista em Prevenção Criminal (UNAFEI, Tóquio). Uma das personalidades acadêmicas mais importantes que versa sobre o sistema penitenciário, o professor César Barros Leal é ainda membro do Conselho de Diretores do Instituto Interamericano de Direitos Humanos (Costa Rica), Presidente do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos e membro da Academia Cearense de Letras.

 

O monitoramento eletrônico – tema em voga por conta da sanção da presidente Dilma Houssef  com mudanças no Código de Processo Penal do País – é tema da segunda mesa redonda do dia. Às 14h, a secretária da Justiça e Cidadania, Mariana Lobo, a defensora pública e coordenadora do Núcleo de Execução Penal (Nudep), Aline Miranda, o Juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca de Fortaleza, Luiz Bessa, o presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), Augusto Coutinho e o membro da Comissão Nacional de Penas e Medidas Alternativas, Elton  Gurgel debatem “Alternativas ao enclausuramento: monitoramento e penas alternativas”.

 

Às 16h30, um grande debate sobre as populações de rua e a violação de direitos humanos. Na mesa, o presidente do Movimento Nacional das Populações de Rua, Anderson Lopes (SP), que é responsável pela exitosa publicação paulista, revista Oca, voltada para este segmento, o representante da Pastoral do Povo de Rua do Ceará, o secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de Fortaleza, Dimitri Cruz e a defensora pública Amélia Rocha discutem “As violações contemporânea do direito do cidadão”.

 

120 anos – Ao comemorar 120 anos, a Secretaria da Justiça e Cidadania ressalta um marco dentro da administração pública por tratar das comemorações da mais antiga secretaria do poder executivo estadual. Com a Constituição Política do Ceará em 1891, o órgão foi criado e responde atualmente pela missão de garantir o efetivo cumprimento da execução penal e promover o pleno exercício da cidadania, com fundamento no princípio da dignidade da pessoa humana. A programação de 120 anos da Sejus acontece entre os dias 13 e 21 de junho de 2011.

 

 

Seminário 120 Anos da Secretaria da Justiça e Cidadania

No auditório da Sejus (Rua Tenente Benévolo, 1055).

Dias 14 e 15 de junho


 

Terça-feira dia 14/06

 

14h – Abertura com palavra da secretária da Justiça, Mariana Lobo

 

14h30 – Palestra Cidadania e Políticas Públicas

Glória Diógenes – Socióloga

 

16h – Lançamento do livro “Penas mais rígidas: justiça ou vingança”, de Cornélius Okwudili Ezeokeke, 

Primeiro número da Coleção Voz sem Veto/Justiça e Cidadania escrito por um egresso do sistema penitenciário

 

16h30 – Mesa-redonda “Políticas públicas para ressocialização dos internos”

Celina Amália Ramalho Galvão Lima – Co-Coordenadora do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC)

Erick Márcio – diretor do IPPOO II 

MM. Juíza Graça Quental – Titular da Vara de Penas Alternativas da Comarca de Fortaleza

Juruena Moura – Assistente Social, mestra em Políticas Públicas;

Mediação: Patrícia Sá Leitão, defensora pública e assessora especial da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará

 

Quarta-feira dia 15/06

 

9h – Abertura com palavra do secretário adjunto da Justiça e Cidadania do Estado

do Ceará , Augusto Câmara

 

10h – Palestra “Modelos Penitenciários do Mundo” 

Professor Dr. Cesar Barros Leal (CE)

 

14h – Mesa redonda “Alternativas ao Enclausuramento – Monitoramento e Penas Alternativas”


Augusto César Coutinho, Presidente do Conselho Penitenciário do Ceará

Aline Miranda – Coordenadora do Nucleo da Defensoria Pública do Estado

Especializado em Execução Penal (Nudep)

MM Juiz Luiz Bessa – Titular da Vara de Execuções Penais da Comarca de Fortaleza

Elton Alves Gurgel – Membro da Comissão Nacional de Penas e Medidas

Alternativas (Conapa), vinculado ao Depen

Mediação: Mariana Lobo – Defensora pública e Secretária da Justiça e Cidadania do

Estado do Ceará

 

16h30 – Mesa redonda “Violações Contemporâneas do Direito do Cidadão”

Anderson Lopes – Movimento Nacional das População de Rua (SP)

Representante da Pastoral dos Povos de Rua – Ceará

Rodrigo Medeiros – Advogado membro da Rede Nacional de Advogados Populares

(Renap-CE)

Dimitri Cruz – Secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de Fortaleza

Mediação: Amélia Rocha – Defensora pública