Cadeia de Araripe desenvolve projetos de hortaliças e granja com os internos

15 de julho de 2011 - 17:01

A cadeia pública de Araripe, unidade da Secretaria da Justiça e Cidadania, na região do Cariri, a 600 quilômetros de Fortaleza obtem ao final do primeiro semestre de 2011 resultados positivos e promissores, com os dois projetos que desenvolve com o trabalho de 10 internos, na horta e na granja com aves de raça e caipira para corte.

A realização só está sendo possível através das parcerias, informa o diretor da cadeia Wanderson de Souza. E diz: “participamos de várias mesas de negociação com o juiz da comarca, Wellington Mesquita, com o promotor, Elder Ximenes, com a presidente do conselho da comunidade carcerária, Fátima Fernandes, a fim de aprovarmos a proposta do repasse da utilização das multas judiciais arrecadadas em Araripe, nos seis primeiros meses deste ano, para custear a manutenção das atividades, prioritariamente, o plantel inicial de 500 aves para o abate, que gerará renda para os lotes subseqüentes”.

Segundo Wanderson essas atividades fazem parte de um projeto de desenvolvimento sustentável, baseado na capacidade produtiva da região, com potencialidades para o cultivo de hortaliças e o criatório de galinhas, por estar a cidade de Araripe, localizada no alto da serra. A construção da área, como um todo, deve-se aos recursos oriundos da população; da doação de empresas privadas; da parceria com o Ministério Público e o Poder Judiciário; além do apoio do conselho da comunidade carcerária, que congrega familiares dos reeducandos, pastoral carcerária e grupos evangélicos.


Pioneiro

Explica, que pela primeira vez as multas recebidas no poder judiciário foram transferidas para um campo de reeducação laboral no sistema penitenciário. “Hoje, 15 de julho de 2011, temos 42 pessoas que cumprem pena, já julgados, e 25% estão trabalhando. Porém, a nossa meta é ter 100%, gerando renda, satisfação e autoestima. Colocamos como condições para o trabalho a habilidade, o bom comportamento, estar estudando e ter a folha analisada pela direção da unidade, pelo poder judiciário e conselho da comunidade. Na escola, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado, todos os internos estão matriculados”.


Qualidade

A qualidade é o fator principal para a oferta dos produtos na negociação com o comércio local, que já ingressou no rol dos parceiros. O galpão para as galinhas de raça para o corte tem 5×10 metros, para o manejo de 500 aves, enquanto o das caipiras tem 4×15, para um número menor. O acompanhamento semanal de crescimento, sanidade e saúde do plantel é realizado pelo médico veterinário da empresa Nutrifor, a mesma que fornece os alimentos, ração e pintinhos.

 

Quanto a horta são 10 canteiros de 1×15 metros, cada um, com cultivo de coentro, cebolinha, cenoura, tomate, pimenta, pepino, beterraba, dentre outra hortaliças incluindo, ainda, uma latada acima da mesma, com o plantio de maracujá. Neste caso, o trabalho recebe a supervisão dos técnicos do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ematerce, na produção dos orgânicos.

A infra-estrutura, tanto os galpões como os canteiros, foi executada com a mão de obra dos detentos, a custo zero para a unidade. Comenta o diretor Wanderson, “isto é um começo. O primeiro investimento de R$ 3.377,00 conforme as nossas projeções logo serão duplicados, o que significa uma atividade lucrativa, com todos os cuidados financeiros e de qualidade, que estamos tendo. Uma outra forma de utilização da área são os encontros ecumênicos que realizamos toda terça-feira, à noite, aberto ao público, para uma adoração a Cristo e, em seguida um jantar”.


Um ano

A cadeia pública foi inaugurada em abril de 2010 e aproveitando a estrutura, a direção da unidade promove eventos para trazer a comunidade para mais perto do sistema, desmistificando a situação sombria e possibilitando um equipamento social, que pode ser utilizado para uma vivência sadia, entre reeducandos e sociedade, através dos seus parentes e amigos.

“Neste primeiro ano, ficamos felizes em desenvolver uma atividade na região do Cariri, pioneira. Outros planos já estão em andamento, como o da fabriqueta de detergente, que suprirá a demanda da cadeia de Araripe e de unidades da Secretaria da Justiça e Cidadania, na região”, ressalta.

Ao finalizar, o diretor lembra que os resultados motivadores dos trabalhos da granja desde março e da horta há seis meses. “Isto porque, para os detentos eles podem obter remissão de suas penas; a população visualiza um trabalho de reintegração social junto aos internos; o poder judiciário ver algo significativo no sistema prisional em retribuição à parceria com os recursos repassados e para nós, que fazemos a Sejus, o sentimento do dever cumprido”.