Internos da UP Irmã Imelda participam de grupos preparatórios para instalação da Apac
22 de junho de 2017 - 14:51
Todo processo de recuperação depende da força de vontade do indivíduo, mas a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) busca sempre ofertar oportunidades que viabilizem essa transformação. Foi com base nisso que a Sejus abriu as portas da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes para o treinamento de voluntários e a preparação de internos para a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), modelo de cumprimento de pena que deve ser implantado no Estado ainda este ano. As formações ocorrem todas as quartas e reúnem 40 internos.
O modelo penal é referência em Minas Gerais e registra uns dos menores custos e índices de reincidência vistos em unidades prisionais. A idéia é implantar a metodologia no Ceará com o apoio da iniciativa privada através do grupo Mulheres do Brasil. Enquanto a implantação não acontece, profissionais de saúde e educação e representantes religiosos voluntários se reúnem semanalmente na UP Irmã Imelda e trabalham o autoconhecimento e a valorização da vida dos internos a partir de rodas de conversa.
Suyane Gomes, reclusa há cerca de um ano, começou a participar dos grupos de formação da Apac há cerca de dois meses e acredita na força dos encontros para uma mudança de perspectiva: “Se estou presa e apenas sou jogada em uma cela, eu vou sair pior do que entrei. Mas se posso contar com uma equipe que me ouve e que realiza um trabalho de conscientização, eu crio forças para superar os problemas”.
A troca de experiências é também uma forma de trabalhar os candidatos: “Durante os encontros nós conversamos, escutamos o que o outro diz e posso ver que não estou sozinha. Desenvolvemos uma visão mais humana, aprendemos a conviver com as diferenças e somos tratados de igual para igual”, afirma Suyane.
Como uma alternativa ao método tradicional, as Apacs funcionam em um sistema de autogestão entre recuperandos e profissionais, sem polícia ou agentes penitenciários. O trabalho conta com a com a participação da família e da sociedade civil. A seleção dos internos da Associação é determinada por autorização judicial mediante solicitação, não tendo a Sejus e a Apac participação nesse processo.