Internos condenados pela Lei Maria da Penha concluem curso voltado para o enfrentamento da violência contra as mulheres
2 de dezembro de 2021 - 14:15
A Secretaria da Administração Penitenciária, em parceria com a Fundação Demócrito Rocha, acaba de concluir o primeiro curso de extensão denominado “O papel do homem no enfrentamento à violência contra a mulher” para oito internos da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes condenados pela Lei Maria da Penha.
O curso foi ministrado no formato online e dividido em quatro módulos com 48 horas/aulas. Os internos tiveram apoio durante a formação de 4 mediadoras composta por uma psicóloga, uma assistente social e duas terapeutas ocupacionais. Os assuntos abordados foram a Violência de Gênero e Modelos de Masculinidade, a Construção dos Modelos de Masculinidade: infância, corpo e escola, Violência contra a mulher e relações de poder e Homens na sociedade ocidental.
O objetivo da formação é contribuir para o conhecimento do enfrentamento da violência contra a mulher e também de como o universo masculino dialoga com o tema. Além disso, o curso aborda de forma clara sobre algumas ações contra a violência doméstica, trazendo o debate sobre a realidade cotidiana a possibilidade de reduzir os impactos.

A diretora da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, Ilana Ferro, fala sobre a importância de disponibilizar o curso para internos que já tiveram envolvidos com violência contra a mulher. ” Acredito que depois desse curso vocês conseguiram repensar e enxergar a importância da família, do respeito com as mulheres, da convivência pacifica dentro de casa. Um dia irão retornar e terão atitudes diferentes. A partir de hoje este curso será replicado em todas as unidades prisionais. Vocês se tornaram referência. Espero que realmente tenham aprendido o que é o respeito ao direitos e a valorização da mulher. Que um dia a gente consiga conviver em uma sociedade com menos violência”, assegura.
A gerente pedagógica da Fundação Demócrito Rocha, Viviane Pereira, comemora a parceria. “Quando penso em educação, penso em transformação. Nós da fundação acreditamos que esse momento que foi vivenciado pelos internos e que o certificado simbolize novas portas e oportunidades abertas. Este curso já havia sido ofertado para a sociedade em geral, mas o formato foi diferenciado e montado uma metodologia especialmente para o sistema prisional. Parabéns para todos que participaram!”, disse.
A juíza titular da 2ª Vara de Execuções Penais, Luciana Texeira, acredita na transformação através de ações e cursos que abordam sobre o tema. “Eu acredito que abordando sobre o assunto desperta o interesse da pessoa que praticou a violência em repensar, faz com que ele pense, reflita e compreenda que a mulher assim como o homem, ambos tem direitos iguais e merecem respeito. Acho que esse é o caminho para que a gente possa começar a pensar e enfrentar esse tipo de violência. É pensar lá fora como prevenção e pensar aqui dentro, onde o fato aconteceu, que ele não volte a se repetir”, afirma.
A assistente social da unidade prisional, Tania Lima, se sente gratificante por ter sido mediadora durante o curso. ” Estou muito feliz em ver as mudanças acontecendo. O curso é pioneiro pra vocês, como também é pioneiro pra mim e pra toda nossa equipe. Que esse seja o primeiro de muito outros. O presente maior é poder desconstruir essa nossa luta constante e poder reconstruir junto com os internos uma nova vida, uma nova visão”, conclui.
O interno e concludente do curso, José Marcelo, agradece pela oportunidade. “Estou muito satisfeito em ter obtido mais conhecimentos sobre esse tema e gostaria de pedir para que fosse expandido para outros colegas, pois a violência contra a mulher só aumenta e podemos mudar essa realidade. Quando eu sair, quero levar todas essas informações para meus amigos e familiares”, afirma.
