Capacitação em curso de pintura de obras é oportunidade concreta para o futuro de internas do sistema prisional cearense

30 de junho de 2022 - 08:35

De olho no mercado profissional da construção civil para os internos do sistema prisional do Estado do Ceará, a Secretaria da Administração Penitenciária, por meio da Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso, qualificará novas internas pelo projeto “Pronatec Prisional: novos caminhos”.

O curso é realizado através do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, em parceria com a Secretaria da Educação do Estado do Ceará. A capacitação oferecida é na área de pinturas de obras imobiliárias.

O curso de pintura de obras possui aulas práticas efetuadas na melhoria física do próprio Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF). A capacitação conta com carga horária de 180 horas/aulas, de segunda a sexta-feira, turno manhã e tarde. No curso de pintura de obras imobiliárias, as internas passam por aulas teóricas e práticas desde a preparação de superfícies, conhecimentos técnicos de medição, textura, acessórios para pintura, cuidados, orçamentos, patologias da construção civil e problemas comuns de pintura, dentre outros.

O secretário da administração penitenciária, Mauro Albuquerque, acredita que oferecer qualificação profissional em áreas que tenham uma grande demanda de mão de obra, é oportunizar mais empregos futuros aos internos. “As mulheres podem ser o que elas quiserem, inclusive trabalhar na área de construção civil. Com esse curso, poderão ter a chance de garantir seu sustento e da sua família, além de ajudar a evitar a reincidência criminal por dependência financeira na vida conjugal e falta de oportunidades na vida”, disse.

O professor do curso de pinturas de obras do Senai, Fábio Tavares, fala da experiência de ensinar sobre construção civil para mulheres. “A percepção da mulher é incrível e as maiores habilidades que elas têm são nos acabamentos finais. A pintura em uma obra é praticamente a parte de conclusão e é nessa parte que entra o olhar feminino nos detalhes. Essa foi a grande diferença que percebi em lidar com turmas de homens e mulheres”, afirma.

A coordenadora pedagógica do Senai e do projeto, Regiane Sousa, acredita que o desafio é que move a perseverança das internas no curso. “Acredito que essa estratégia de inserir as mulheres nessa área que dizem que é de exclusividade masculina, quebra vários paradigmas. Faço um acompanhamento semanal da turma e o professor tem me sinalizado grandes resultados, além de elogiar que dão bastante delicadas e caprichosas. Acho que dar essa oportunidade é um processo de desmistificar a própria área de construção civil para mulheres. A SAP, dentro da sua visão, não só de pessoas, mas do mundo vem trabalhando cada vez mais no papel feminino na sociedade. É uma experiência riquíssima para todos os envolvidos”, atenta.

A interna do curso de pintura de obras imobiliárias no Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF), Maria Lúcia Barbosa, se sente grata pela oportunidade. “Tô me sentindo muito realizada, pois sempre tive curiosidade nessa área e hoje estou tendo a chance de aprender na prática. Estou me empenhando e dando meu melhor. Achava que seria difícil por ser mulher e normalmente ser uma área que possui mais homens, me surpreendi comigo mesma e vejo que tenho a mesma capacidade e potencial para exercer o mesmo trabalho de igual pra igual”, conclui.