SAP e UFC apresentam pesquisa em que mais de 80% dos policiais penais declara melhoria significativa na estrutura das unidades, gestão prisional e oportunidade de capacitação

23 de setembro de 2024 - 16:38

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), realiza apresentação dos resultados da coleta de dados do censo penitenciário e do projeto de pesquisa sobre saúde mental e qualidade de vida dos servidores dentro e fora do sistema prisional do Ceará. Trata-se da primeira pesquisa científica da história do sistema prisional cearense com foco na qualidade de vida e a saúde da polícia penal do Estado.

A apresentação contou com a presença do secretário da administração penitenciária e ressocialização, Mauro Albuquerque, do secretário executivo de planejamento e gestão interna, Álvaro Maciel, da professora e coordenadora da pesquisa, Ana Karina Pinheiro e de toda equipe da Universidade Federal do Ceará (UFC) responsável pelo projeto, dos professores e professoras que atuaram no projeto, além de policiais penais e coordenadores que atuam em diversas áreas da SAP.  

O levantamento envolveu a participação de 94 pessoas, sendo 18 pesquisadores da UFC e 76 servidores da SAP.  As ações do projeto “Promoção da Saúde e Qualidade de Vida no Sistema Penitenciário do Ceará” contou com a articulação de alunos da graduação e pós-graduação nas áreas de Enfermagem, Ciências Sociais, Direito, Psicologia e Medicina (Sobral).

As publicações resultantes são frutos do projeto, financiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) por meio do Programa Cientista-Chefe. As tratativas da parceria iniciaram desde novembro do ano passado e surgiu através de uma demanda solicitada pelo titular da Pasta, Mauro Albuquerque, ao demonstrar preocupação e atenção com a saúde mental dos servidores.

O secretário da administração penitenciária e ressocialização, Mauro Albuquerque, ressalta a importância da parceria e parabeniza os resultados. “Essas ações conjuntas foram um grande avanço para nossa categoria. Os servidores da segurança pública que cuidam da sociedade, também precisam de cuidado. Essa pesquisa vai nos trazer grandes melhorias, soluções e aperfeiçoamento para os profissionais e no âmbito prisional. Já conseguimos identificar várias vertentes fundamentais em prol da qualidade de vida dos policiais penais. Antigamente pouco era discutido sobre saúde mental. Hoje é uma necessidade. Estamos nessa luta há algum tempo e finalmente estamos colhendo bons resultados. Quero agradecer a UFC por todo o apoio e acolhimento”, disse. 

A coordenadora do Projeto de Extensão da UFC, Ana Karina Pinheiro, destaca os resultados importantes alcançados na pesquisa. “Essa parceria é  imprescindível tanto para a formação dos nossos estudantes, como também na contribuição para a própria secretaria. Nossa equipe era multidisciplinar, então conseguimos trabalhar em várias frentes. O sistema sempre foi receptivo e participativo em nossas ações, além de nos possibilitar toda estrutura e condição para desenvolver o projeto. Acredito que com esse trabalho a secretaria vai colher bons frutos, pois sabendo os fatores de vulnerabilidade dos policiais penais é possível promover mais planos de ações. Agora é trabalhar em estratégias a partir dos dados coletados nesse primeiro ano de pesquisa”, afirma. 

Projeto de Pesquisa 

O termo de cooperação técnica entre a Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização tem como objetivo a colaboração técnica e social através do desenvolvimento de projetos de pesquisa e ações de extensão (cursos, programas, prestação de serviços e eventos) da UFC, visando articular, ampliar e contribuir nas estratégias de enfrentamento e prevenção da saúde mental e física dos policiais penais e seus familiares.

O relatório “Saúde e qualidade de vida dos policiais penais do Ceará” teve como principais objetivos: avaliar a qualidade de vida geral e no trabalho, verificar o perfil socioeconômico  e de hábitos de saúde, identificar sintomas de ansiedade, depressão e tendência ao suicídio e verificar também o padrão do consumo de drogas dos policiais penais do Estado do Ceará.

Outra ação e estratégia traçada pelos pesquisadores é o aplicativo “Sistema Integrado de Atendimento ao Policial Penal”, que está sendo acompanhado pela secretaria, para o cuidado e promoção da saúde mental dos policiais penais. No app, o servidor tem acesso a três abas: atendimento, conteúdo e segurança. 

Conheça o atendimento Biopsicossocial ao Policial Penal

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização, através do Núcleo de Assistência ao Servidor Penitenciário (Nusep), mantém, como rotina, serviços voltados ao cuidado em saúde mental para os servidores e policiais penais do sistema prisional.

A Secretaria oferece plantão psicológico ininterrupto para atender os servidores pelo telefone ou Whatsapp nos 7 dias da semana, nas 24 horas do dia. No ano de 2022, a polícia penal cearense ganhou um novo espaço físico, com mais 6 psicólogos para atendimento e terapia presencial .Também possui psiquiatra em nossos quadros e um ambulatório exclusivo para os policiais penais no Hospital Mental de Messejana.

O serviço terapêutico consiste no acompanhamento e orientação dos trabalhadores e seus familiares, acompanhamento em Psicoterapia Breve ou em situação de crise, atendimento de paciente crônico e retorno das licenças psicológicas. Para acrescentar o cuidado, a SAP passou a oferecer, de forma gratuita, o curso Guardiões da Vida, que qualifica os servidores a cuidar de si e a conseguir identificar os colegas que precisam de cuidados preventivos na questão da saúde mental.

Além disso, o núcleo também conta com as células de serviço social, dentista, clínico geral, psiquiatra, psicólogo e práticas integrativas como massoterapia, auriculoterapia, reflexologia, argiloterapia e ventosaterapia. Os atendimentos são realizados nos turnos manhã e tarde, de acordo com cada caso, demandas apresentadas e disponibilidade do profissional. O local conta com 10 salas e 10 profissionais, com o intuito de integrar os serviços, oferecendo diferentes formas de cuidado e apoio para assegurar a participação ativa de todos os servidores nesse processo.

Conheça dados relevantes da pesquisa:

  • Quantidade de policiais penais no Estado do Ceará: 3.586
  • Faixa etária predominante: 35 a 39 anos (24,7%)
  • Gênero predominante: Homens (77%)
  • Raça predominante: Parda (57,8%)
  • Religião predominante: Católica (54,8%)
  • Escolaridade predominante: Ensino Superior Completo (57,6%)
  • Índice de massa corporal predominante: Sobrepeso (54,3%)
  • Tempo de serviço predominante: 1 a 4 anos  (47,6%)
  • Renda: 62,5% dos policiais penais se dizem satisfeitos com a própria renda
  • Segurança: 80,8% dos policiais penais declaram não ter vivenciado um confronto armado no trabalho; 44,8% dos policiais penais declaram nunca ter vivenciado uma rebelião; 67,7% dos policiais penais declaram nunca ter sua vida ameaçada
  • Ambiente de trabalho: 81,4% dos policiais penais declaram que a estrutura física, gestão e treinamento no sistema prisional teve melhora; 85,5% dos policiais penais declaram ter participado de treinamento
  • Violência: 91% dos policiais penais declaram nunca ter sofrido violência física; 97,7% dos policiais penais declaram nunca ter sofrido violência sexual; 51,2% dos policiais penais declaram nunca ter sofrido violência psicológica; 88,1% dos policiais penais declaram nunca ter sofrido violência patrimonial; 59,9% dos policiais penais declaram nunca ter sofrido violência moral