Sistema prisional cearense recebe três novas empresas e expande vagas de trabalho para pessoas privadas de liberdade

31 de maio de 2025 - 15:58

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização oficializa a entrada de mais três novas empresas no sistema prisional cearense, por meio de chamamento público. Com isso, o total de empresas atuando nas unidades prisionais chega a 20. A iniciativa amplia a atuação industrial e a oferta de oportunidades de emprego para pessoas privadas de liberdade. Além disso, a empresa SkyBeach também foi contemplada com a expansão de suas atividades, fortalecendo ainda mais sua presença no sistema prisional.

A reunião de oficialização contou com a presença do secretário da Pasta, Mauro Albuquerque, do secretário executivo, Rafael Beserra, do coordenador e do coordenador adjunto especial de Administração Prisional, Alexandre Leite e Luiz Gouveia, respectivamente. Estiveram presentes também representantes das empresas e membros da Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (Coispe).

As três novas empresas irão iniciar as reformas nos espaços destinados e devem começar as atividades nos próximos meses. As unidades prisionais contempladas foram: Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo – Empresa de confecção: NPN Indústria do Vestuário LTDA, Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim – Empresa de confecção: KANOA Surf Confecções Peças do Vestuário LTDA e Unidade Prisional Vasco Damasceno Weyne – Empresa de confecção: ALLURE Indústria e Comércio LTDA.

O secretário da administração penitenciária e Ressocialização do Ceará, Mauro Albuquerque, comemora as novas parcerias. “A presença de empresas no sistema prisional é uma das ferramentas mais poderosas para a verdadeira ressocialização. Quando o interno tem acesso ao trabalho e à qualificação profissional, ele ganha dignidade, perspectiva de futuro e oportunidade real de reinserção social. Ao mesmo tempo, os empresários passam a contar com uma mão de obra comprometida e qualificada. Essa parceria entre o poder público e a iniciativa privada é essencial para quebrar o ciclo da reincidência e transformar o sistema prisional em um espaço de recuperação e desenvolvimento humano”, concluiu.

O representante da Kanoa Surf, Luiz Antônio Pereira, comentou sobre a entrada da empresa no sistema prisional. “Fomos convidados pela SAP a conhecer o sistema e, apesar de alguma resistência inicial, percebemos que é um ambiente organizado e disciplinado. Decidimos implantar nossa primeira unidade com um projeto de costura que alia produção e profissionalização. Lançamos o programa Costurando Novos Caminhos, com treinamento e certificação em corte e costura. A proposta é que os internos contribuam com a produção e saiam qualificados para o mercado de trabalho”, disse.

O empresário da Allure, Paulo Aragão, ressalta a importância do projeto dentro das unidades prisionais. Há cerca de dez anos acompanhamos o sistema prisional, mas só recentemente sentimos segurança para realmente ingressar com nosso trabalho dentro das unidades. A partir da gestão do secretário Mauro Albuquerque, percebemos que o trabalho desenvolvido é sério e voltado, de fato, para a capacitação dos internos. Isso nos motivou a participar ativamente, como empresários, como representantes do setor de confecção e também por meio da Câmara Setorial da Moda. Acreditamos que é um projeto transformador. Aos empresários que ainda não estão participando, deixo um recado: estão perdendo tempo. Essa é uma nova fase, não só no Brasil, mas especialmente aqui no Ceará. O sistema prisional está abrindo portas para a profissionalização real dos internos e para parcerias produtivas com o setor privado”, afirma.

O representante da NPN Indústria do Vestuário, Narcelio Araújo, fala sobre a nova parceria. “Estamos no mercado há mais de dez anos e, ao conhecer esse projeto por meio de amigos, vimos uma grande oportunidade. Hoje há um déficit significativo de mão de obra, e o sistema prisional surge como uma luz no fim do túnel. Acreditamos que essa parceria será uma via de mão dupla: nós precisamos de profissionais qualificados, e os internos precisam de formação para recomeçar suas vidas. Nossa missão com esse projeto é justamente contribuir para essa qualificação, oferecendo a eles uma profissão que possa ser levada para além do cumprimento da pena”, atenta.

Ampliação

A empresa SkyBeach, especializada em confecção de moda praia, completa cinco anos de atuação dentro do sistema prisional cearense. Inicialmente instalada na Unidade Prisional Professor José Sobreira de Amorim, a empresa foi contemplada em novo edital de chamamento público e ampliará sua produção com um novo espaço na Unidade Prisional Vasco Damasceno Weyne (UP-Itaitinga 5).

A empresária e dona da SkyBeach Moda Praia, Josefa G. Silva, comemora a expansão. “Estamos ampliando nossa atuação para uma nova unidade prisional, agora com um espaço de 800 metros quadrados na Unidade Prisional Itaitinga 5. A demanda de mercado tem crescido bastante, especialmente na produção de t-shirts, moda praia e moda fitness, e essa expansão vai permitir que a gente dobre a nossa produtividade já no próximo semestre. Também vamos duplicar a mão de obra, oferecendo ainda mais oportunidades dentro do sistema prisional. Agradeço à SAP, à doutora Cristiane Gadelha e a toda equipe do secretário Mauro Albuquerque pelo apoio e incentivo. É muito importante contar com pessoas capacitadas que nos estimulem a continuar profissionalizando e especializando os internos”, disse.

Cadeias Produtivas

A presença de empresas nas unidades prisionais integra o projeto Cadeias Produtivas, que visa promover a qualificação profissional e a inserção laboral de internos. Atualmente, o programa já conta com 17 empresas instaladas e, em breve, chegará ao total de 20, com a chegada de mais três.

Os internos participantes do projeto trabalham 40 horas semanais e têm direito à remição de pena: a cada três dias trabalhados, um dia é abatido da pena. O salário é distribuído da seguinte forma: 50% é destinado à família do interno, 25% é depositado judicialmente para uso futuro após a liberdade, e os outros 25% são revertidos para o sistema prisional, contribuindo com melhorias internas.

Contato

Empresários ou industriais interessados em participar do projeto podem entrar em contato com a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (Coispe), pelo telefone (85) 3101-7714 ou pelo e-mail cispe@sap.ce.gov.br.