SAP promove cine-debate sobre masculinidades e violência doméstica

5 de dezembro de 2025 - 11:03

A Secretaria das Mulheres, em parceria com a Coordenadoria de Alternativas Penais (COAP) da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP), realizou um cine-debate com homens autuados por violência doméstica e familiar, participantes do projeto “Outras Medidas”. O encontro aconteceu na sala de grupos da COAP e contou com a exibição do documentário “O Silêncio dos Homens”.

A atividade teve como objetivo estimular reflexões sobre masculinidades, equidade de gênero e a importância do diálogo na construção de relações mais saudáveis. Durante o debate, os participantes discutiram os temas apresentados no documentário, compartilharam experiências e analisaram como atitudes e comportamentos podem contribuir para a violência doméstica.

O público-alvo são homens acompanhados pela COAP que atua na implementação de alternativas penais e na ressocialização de pessoas em conflito com a lei. A iniciativa também reforça ações de proteção a mulheres em situação de vulnerabilidade, promovendo conscientização sobre direitos, responsabilidades e respeito nas relações interpessoais.

A secretária das Mulheres, Lia Gomes, destacou que o encontro foi um momento essencial de diálogo e sensibilização, reforçando o compromisso do Estado com o enfrentamento à violência contra as mulheres. “Esta ação fez parte dos 21 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Estivemos na SAP para participar do grupo reflexivo com homens apenados pela Lei Maria da Penha, e foi um momento muito rico de aprendizado para todos nós. Sou uma grande admiradora dessa política desenvolvida pela SAP e deste projeto em especial. Nossa intenção, como Governo do Estado, é interiorizar essa iniciativa e levá-la para outros municípios, porque não podemos falar apenas com as mulheres. Precisamos dialogar também com os homens, que representam metade da população. Sem sensibilizá-los e trazê-los para essa construção, não conseguiremos superar uma das chagas mais graves da nossa sociedade, que é a violência contra as mulheres”, concluiu.

Para o coordenador de Alternativas Penais, Elton Gurgel, o encontro reforçou a importância dos grupos reflexivos no enfrentamento à violência doméstica e no processo de mudança de comportamento dos participantes. “O grupo reflexivo realizado em parceria com a Secretaria das Mulheres integrou as ações dos 21 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra as mulheres e fortaleceu o nosso trabalho contínuo no enfrentamento à violência doméstica. Nesta edição, contamos com a presença da secretária das Mulheres, Dra. Lia Gomes, que cofacilitou o encontro. Trabalhamos a temática das masculinidades a partir do documentário O Silêncio dos Homens, o que nos permitiu discutir não só a violência doméstica, mas também paternidade, pressões sociais e os papéis exercidos pelos homens na sociedade. O encontro foi bastante participativo e gerou reflexões importantes, reforçando o compromisso dos participantes com mudanças positivas em suas relações e comportamentos”, afirma.

O participante do projeto “Outras Medidas”, JH, destaca a importância do cine-debate. “O grupo aqui na COAP é muito bom. Consegui aprender muita coisa, refletir sobre meus atos e tirar lições das experiências dos outros. Cada depoimento vai entrando na cabeça da gente e, com isso, aprendemos a ter mais calma e a respeitar não só as mulheres, mas todas as pessoas. Aprendi a viver melhor, consegui um trabalho e levo esses aprendizados para minha vida, minha família e meus amigos. Para mim, a melhor maneira de lidar com conflitos é se afastar e refletir antes de agir”, disse. 

Projeto “Outras Medidas”

A violência contra a mulher é uma realidade que atinge diferentes classes e origens, em todas as partes do Brasil. Na grande parte dos casos, essa violência doméstica é motivada pelos desejos dos homens em exercer o seu poder sobre elas. Nesse sentido, acredita-se que é importante estender o acompanhamento psicossocial para além da mulher agredida, sendo também necessário atender o acusado.

Levando em consideração essa necessidade, o sistema prisional e a política de alternativas penais possuem ações e políticas que promovem a conscientização do acusado em prol de sua mudança de atitude com a vítima e enquanto sujeito social.

A Coordenadoria de Alternativas Penais (COAP) desenvolve um acompanhamento psicossocial do homem autor de violência doméstica por meio de atendimento individual e/ou em grupo reflexivo através do projeto “Outras Medidas”, que em 2025 superou o número de 800 atividades realizadas em todo o Estado. O comparecimento a programas de recuperação e reeducação são proposições inseridas através da Lei 13.984 de 2020 enquanto medidas protetivas na Lei Maria da Penha, sendo alcançadas pela Política de Alternativas Penais. A equipe técnica é composta por psicólogos, assistentes sociais e bacharéis em Direito.

Este projeto vem sendo efetivado desde 2022 em Fortaleza, além de postos avançados nas comarcas de Caucaia, Crateús, Maracanaú e Núcleos de Monitoração Eletrônica e Alternativas Penais em Juazeiro do Norte, Iguatu, Quixadá, Itapipoca e Sobral.

O público alvo são pessoas jurisdicionadas por autoria de violência doméstica, submetidas a medidas protetivas ou outras estratégias alternativas ao encarceramento. A ação tem como objetivo contribuir para ressignificação de valores e adoção de nova atitude em relação a violência doméstica e familiar por parte de homens autores através de acompanhamento psicossocial e participação em grupos reflexivos.

O trabalho com o homem autor de violência deve se orientar sob a perspectiva da reflexão crítica, buscando associar o seu comportamento à realidade social no qual está inserido, na tentativa de transformar seu padrão de comportamento. No grupo reflexivo desenvolvido pela Coordenadoria Alternativas Penais (COAP), através de Psicólogos e Assistentes Sociais, são discutidos temas prioritários como comunicação e relações humanas, direitos, deveres e dignidade humana – Lei Maria da Penha, responsabilização, gênero e violência de gênero, masculinidades, conflitos e resolução de conflitos, comunicação não-violenta, reflexão e mudança de comportamento, saúde mental, álcool e outras drogas, dentre outros.