Sejus beneficia apenados com o Projeto Instrumental de Trabalho 2008

21 de novembro de 2008 - 14:02

Com o objetivo de possibilitar a geração de emprego e renda aos internos em regime semi-aberto, aberto ou em livramento condicional (egressos do sistema prisional), o Secretário da Justiça e Cidadania, Marcos Cals, entrega nesta sexta-feira, 21 de novembro, às 10 horas, na sede da Sejus, 30 instrumentais de trabalho. Os recursos são do Fundo de Defesa Social, do Governo do Estado do Ceará.

São cinco carros de lanche; cinco carros para pipoca; cinco carros para tapioca; cinco máquinas de costura; três suportes com o coco em fibra para acondicionamento de água de coco, e sete tachos para fazer frituras com capacidade para sete litros de óleo e botijões de gás, nesta primeira etapa de distribuição. De acordo com o Núcleo de Assistência ao Presidiário e Apoio ao Egresso (NAPAE), a finalidade é propiciar a inclusão desse público no mercado de trabalho, em razão das restrições de acesso ao emprego e na prestação de serviço com carteira assinada.

No processo de seleção, o NAPAE deu prioridade àqueles que se encontram em situação vulnerável, sem nenhum tipo de trabalho. Os instrumentos deverão ser utilizados em atividade empreendedora autônoma e os beneficiados assumem o compromisso de comparecer uma vez, a cada três meses, na sede da Sejus, para prestar informações e possibilitar o acompanhamento das tarefas desenvolvidas. O material não pode ser vendido e deve ser conservado em boa condição, por no mínimo cinco anos. Em caso de descumprimento, a pessoa não será mais incluída em projetos sociais executados pela Sejus.

HISTÓRIAS

Eneida Magalhães do Nascimento está na condicional desde o dia 16 de agosto deste ano. Casada e mãe de quatro filhos adolescentes, Eneida explica que: “a vida é difícil, nem todo mundo quer dar emprego a uma ex-presidiária. Já tive a oportunidade de trabalhar como manicure, mas quando sabiam da minha situação, ficavam me olhando com outros olhos e depois desistiam do meu trabalho. Esta é uma oportunidade para eu crescer, vou aplicar na minha vida o curso de corte e costura de quatro meses que fiz lá no ‘Auri’ (Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa – IPF). Fiz também um de doces e salgados. Pretendo comprar uns tecidos e fazer shorts, blusas e essas batinhas. Vou procurar umas confecções onde já trabalhei para oferecer o meu serviço e colocar uma placa lá em casa ‘costura-se em geral’. Isto é muito bom e eu só tenho que agradecer a Deus e a Secretaria da Justiça”. Nascida na capital, Eneida mora na localidade Vila velho, próximo ao jardim Guanabara.

Flávia Eduardo Carlos Pereira, natural de Fortaleza, é mãe de três filhos e está com seis meses de gravidez esperando o quarto. Amanhã ela receberá um tacho para frituras e um botijão de gás para o início de seu ofício na arte de culinária. “Por um ano trabalhei como zeladora no prédio da Sejus, recebi o meu alvará de soltura e não devo mais nada à Justiça. Mesmo assim, a Secretaria nunca deixou de me apoiar. Ser ex-presidiária é muito difícil, ainda mais no meu caso que o marido está cumprindo pena no IPPS (Instituto Penal Paulo Sarasate). Falei para o pessoal do projeto da Sejus que aceitaria qualquer material para trabalhar, porque preciso dar comida para os meus filhos e para minha mãe que é doente, inválida e mora comigo. Vou começar fazendo uns três quilos de batatinha e vender na porta da minha casa. Também vou colocar uma placa”. A senhora Flávia mora na Avenida Nossa Senhora das Graças, Pirambu, perto de uma parada de ônibus, que ela tem “como uma aliada”. No “Auri”, Flávia fez os cursos de doces e salgados, panificação, artesanato e bordado (vagonite e crochê). “Nos dois anos da pena estive todos os dias na Oficina. Meu marido já terminou os cursos de panificação e técnico em eletrônica. Somos evangélicos da Igreja Monte Moriá”.

Francisco Venilson Aguiar da Silva assina uma vez por mês na Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), por ordem do juiz, porque está no regime semi-aberto. É oriundo do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS) e do Instituto Penal Professor Olavo Oliveira (IPPOO I), onde cumpriu penas de 6 e 2 anos, respectivamente. Sobre sua vida comenta: “o que me derem para trabalhar eu aceito. O tacho e o botijão vão ser muito bons pra mim. Até hoje quem me ajuda é uma irmã, que paga até meu aluguel. Já trabalhei com carteira assinada, como vendedor de calçado, mas quando descobriram a minha situação me colocaram fora. Trabalhei como porteiro, mas toda vida é a mesma coisa. Com este material vou poder começar a ganhar meu dinheiro. Sou separado e minhas duas filhas moram com a minha ex-mulher. Em um restaurante do antigo aeroporto Pinto Martins trabalhei como atendente de aeronave, empacotando os lanches e lá aprendi a fazer os salgados. Não tenho pai, nem mãe. Espero voltar a trabalhar. Hoje fico dentro de casa, parado, na ociosidade e isso é ruim pra mente”. Venilson mora no Barroso e já fez muito pastel encomendado. Francisco Venilson disse que vai ampliar seu negócio com outros produtos no ponto, que será na esquina de sua casa.

Informações: Coordenadora do Napae – Ariane Sampaio – 3101.2856 / 8800.0479

Ascom-Sejus