Campanha combate tabagismo no Instituto Penal Feminino

11 de novembro de 2011 - 19:45

 

Um grupo de 25 internas do Instituto Penal Feminino Desembargador Auri Moura Costa iniciou na última semana de outubro uma campanha pioneira dentro do presídio no intuito de largarem o vício do tabaco. A iniciativa surgiu a partir de um levantamento realizado com 461 detentas pela educadora física Zélia Paulino, aplicando o questionário Grau de Dependência do cigarro, do Dr. Dráuzio Varella, e que constatou que cerca de 75% delas são fumantes. 
 

O grupo durante todo o processo terá acompanhamento multidisciplinar com médicos, psicólogos, terapeuta ocupacional, além da educadora física, que diariamente desenvolverá atividades físicas como caminhadas e corridas, além de palestras de motivação e auto-ajuda com as detentas. Segundo a diretora do presídio, Analupe Araújo de Sousa, este trabalho já é um grande exemplo para as demais detentas. “Este grupo terá acompanhamento permanente e o grupo está de braços abertos a receber outras detentas”, afirmou a diretora do IPF.
 
Ainda segundo Analupe, a atividade faz parte de um plano de estímulo ao bem-estar das detentas, tendo a atividade física e a saúde como foco. “Até o final do ano deveremos realizar a Semana Cultural dentro do IPF que terá como tema “Sem saúde não há vida”, acho muito louvável a iniciativa das detentas de assumirem a opção de levar uma saudável”. 
Para vencer o vício, o grande desafio para as detentas é ter a força de vontade para permanecerem longe do vício. A educadora física Zélia Paulino propôs a adesão à campanha Brasil sem Cigarro do Fantástico, programa da Rede Globo. “Durante a campanha decidimos usar como principal instrumento a realização de atividades que proporcionam benefícios físicos, mentais e sociais”. 
 
Um dos fatores preocupantes no combate ao vício é que o consumo da nicotina é iniciado muitas vezes ainda na infância, como é o caso da detenta Deisilane de Sousa Ferreira, que começou a fumar com 10 anos, e hoje, aos 22 anos, já sente os efeitos do cigarro. “Embora não fume há muitos anos como vejo outras pessoas fumarem, já sinto minha saúde prejudicada e tenho medo de morrer cedo”, afirma. Deisilane entrou no projeto no dia 31 de outubro, quando fumava 10 cigarros por dia, hoje não fuma nenhum.
 
Redução e controle – Algumas não conseguem parar totalmente, mas já se sentem melhor com a redução de nicotina. É o caso da interna Mayara Pinheiro Alves, de 20 anos, começou a fumar com 18 anos e decidiu parar. Mayara fumava em torno de 14 cigarros, hoje está fumando 8 cigarros por dia. Já a detenta Francisca Claudenice Augusto da Silva de 24 anos, que está grávida de 6 meses. Fumava cerca de 60 cigarros e hoje fuma 2 cigarros por dia, decidiu parar de fumar para não prejudicar a criança.