“O nosso maior close é a liberdade”
10 de fevereiro de 2017 - 16:18
A frase, dita por Suyanne, uma das quatro personagens do documentário Close, resume o desejo de todos na UP Irmã Imelda Lima Pontes. O filme foi exibido nesta sexta (10) para internos da unidade
Natália, Suyanne, Jessica e Bruna. Travestis e transexuais com trajetórias distintas e histórias de vida diversas que se cruzaram dentro do sistema penitenciário e viraram material para o documentário Close, da cineasta Rosane Gurgel, exibido nesta sexta (10), na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes.
O filme foi exibido para cerca de 30 internas e internos, para a equipe da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado (Sejus) e para entidades que atuam na militância LGBT. O documentário faz parte de mostra Cine Diálogo que também contará com a exibição dos filmes Garota Dinamarquesa e Hoje Eu quero Voltar Sozinho, todos com temática LGBT.
Para Lídia Canuto, diretora da UP Irmã Imelda Lima Pontes, “Rosane conseguiu captar o trabalho realizado dentro da unidade, baseado no respeito à diversidade”. A diretora destaca ainda que “o documentário traz visibilidade e dá às personagens reconhecimento para um público tão marginalizado dentro e fora das prisões”
A Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes foi inaugurada em setembro de 2016 e tem capacidade para 200 internos. A unidade acolhe presos que necessitam de atendimento específico, de baixa periculosidade e vulneráveis no sistema penitenciário, como gays, travestis, bissexuais, idosos, cadeirantes e aqueles que respondem à Lei Maria da Penha.
O Close
O documentário traz 20 minutos de depoimentos de quatro internas da ala GBT da unidade e mostra a realidade deste público dentro do sistema penitenciário. Entre anseios, desabafos e sonhos, as personagens relatam suas experiências.
Natália, 25 anos, é uma das personagens do filme. Quando estava em liberdade, ela era cabeleireira e tinha o seu próprio salão. Hoje, ela só quer “sua vida de volta”. “Aprendi aqui dentro que precisamos melhorar. E é possível, é só querer”. Para ela, o documentário retrata essa vontade. “Estamos aqui para aprender. O filme mostra outro lado nosso, outro lado dos presídios. Não tem só coisa ruim aqui dentro!”, complementa Natalia, que lamenta o preconceito ainda enraizado da sociedade.
Assim como Natália, Jéssica, de 22 anos, acha que o documentário traz um novo olhar para quem está dentro dos presídios. “Passamos por tanta coisa lá fora e também aqui dentro que, quando vejo o filme, só penso em ficar alegre por terem nos notado e contado as nossas histórias”.
Jessica reforça que o nome do filme não poderia ser outro. “Close é tudo aquilo que é perfeito, é tudo aquilo que é bonito. É isso o que estamos conseguindo ser aqui dentro”.
Após a exibição, a cineasta Rosane Gurgel, o coordenador Especial de Políticas Públicas para LGBT, Narciso Júnior, a assessora especial de Cidadania da Sejus, Lucia Bertini, a diretora Lidia Canuto, e o vereador Paulo Diógenes participaram de bate-papo com os internos e internas que assistiram ao documentário.