Câmara dos Deputados recebe Mauro Albuquerque e André Costa para ouvir o exemplo do Ceará no combate ao crime

25 de outubro de 2019 - 08:21

Deputados consideraram exemplar o programa de segurança pública implantado no Ceará. Esse programa resultou em queda expressiva nos índices de criminalidade no estado e foi apresentado em audiência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara na última quarta-feira (23).

Segundo as autoridades cearenses, os resultados positivos se deram, entre outros fatores, ao uso de inteligência policial, a valorização de agentes, a compra de equipamentos adequados, a integração das forças de segurança e a presença e comando legítimo do Estado nas prisões.

Também houve aumento de câmeras de monitoramento nas vias públicas; patrulhamento policial com motocicletas para dar maior mobilidade; e apoio da Universidade Federal do Ceará com ciência e tecnologia para a reunião e análise informatizada de dados criminais, tornados disponíveis em tempo real para os policiais que atuam no combate à criminalidade nas ruas.

O secretário de Administração Penitenciária do Ceará, Mauro Albuquerque, destacou que é fundamental retirar os celulares do crime detidos nas prisões. “Se ele tem poder online como se ele estivesse na rua, ele se torna ameaça em tempo real. Quando a gente corta a comunicação dele, online, então acaba essa força imediata”, afirma.

Mauro também ressaltou o legítimo poder do Estado nas cadeias, o uso correto da Lei de Execuções penais, a valorização dos agentes penitenciários e os programas de ressocialização dos detentos para quebrar os laços com as facções criminosas, por meio de escolaridade e profissionalização. “Em 9 meses já qualificamos mais de 3 mil agentes, compramos veículos e armamentos novos e deixamos claro que o servidor público deve ser uma prioridade. Além disso ampliamos nossos projetos. Já temos 3.500 presos em salas de aula, 4 mil em cursos de qualificação e quase 2 mil em postos de trabalho dentro dos presídios”, atesta.

De acordo com o secretário de Segurança Pública e de Defesa Social do Ceará, André Santos Costa, um item essencial foi o combate à mobilidade dos criminosos, pois boa parte dos crimes mais graves é feita com carros e motocicletas roubados. A partir dessa constatação, André Santos estabeleceu sua estratégia.

“Primeiramente, com a implantação do Sistema Policial de Indicativo de Abordagem, que nasceu na Polícia Rodoviária Federal do Ceará, foi desenvolvido juntamente com a secretaria e a universidade. É um sistema que aplica técnicas de inteligência artificial e detecta automaticamente a presença de veículos roubados, furtados em tempo real”, explica.

Além disso, foi feito o mapeamento dos crimes mais violentos em pequenos territórios, correlacionando-os com os indicadores sociais de renda, educação, saúde, demonstrando que o problema era de ordem econômico-social, o que exigia respostas adequadas das diversas áreas do estado para minimizar os problemas.

Menos crimes violentos

Segundo a Secretaria de Segurança do Ceará, em relação ao ano passado, o estado registrou queda de 52% nos crimes violentos, que incluem homicídios, lesões corporais seguidas de morte e roubos seguidos de mortes; menos 46% no número de roubos de uma forma geral; redução de 69% nos roubos de cargas e de 77% nos roubos a transportes coletivos.

Organizador da audiência da Comissão de Segurança Pública, o deputado Dr. Frederico (Patriota-MG) elogiou os avanços do Ceará contra a criminalidade, mas lembrou que ainda há muito a fazer. “No primeiro semestre deste ano foram 21.284 homicídios. Em 2018, infelizmente, pela primeira vez, a gente ultrapassou 30 mortes por 100 mil habitantes/ano, em termos de mortes violentas. Nós somos o segundo País mais violento da América do Sul”.

O representante do Ministério da Justiça, Eduardo Augusto Muniz de Souza, informou que versão informatizada do programa de segurança pública do Ceará está disponível para compartilhar com estados e municípios por meio do Sistema Alerta Brasil 3.0.

Com a colaboração dos jornalistas Newton Araújo e Rachel Librelon