SAP inaugura loja do projeto ‘Arte em Cadeia’ com artesanato produzido por internos e internas do sistema prisional cearense na Feirinha da Beira Mar

27 de março de 2025 - 12:12

A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização, por meio da Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (COISPE), inaugurou, nesta quarta-feira (26), a loja do projeto ‘Arte em Cadeia’, na Feirinha da Beira Mar, em Fortaleza. Este novo espaço representa um passo significativo na comercialização do artesanato produzido por pessoas privadas de liberdade no sistema penitenciário cearense, além de ser um marco importante na transformação social e ressocialização dos internos e internas, utilizando a arte como ferramenta de reintegração.

O projeto “Arte em Cadeia” beneficia mais de 800 internos, com a produção de peças em 24 oficinas produtivas, sendo algumas dessas expostas na loja da Feirinha. Além disso, o artesanato produzido dentro do sistema prisional no Ceará tem um impacto ainda maior, alcançando mais de 2.300 internos e internas de 14 unidades prisionais. Outros projetos, como o “Reciclarte” e o “Rede Artesã”, também se destacam com a abertura do novo empreendimento. O “Rede Artesã” tem um foco importante ao permitir que os internos recebam materiais de suas famílias, incentivando a produção e comercialização de produtos artesanais, o que gera renda para as famílias e ainda estimula o empreendedorismo. Esses projetos ampliam as oportunidades para os internos e fortalecem o impacto social da iniciativa.

O estabelecimento funciona todos os dias, das 17h às 22h, na Avenida Beira Mar, 2800, Meireles. No local, os clientes poderão conferir mais de 250 peças, produzidas com diversas técnicas artesanais, como crochê, bordado em ponto cruz e vagonite, renda filé, macramê, patchwork, fuxico e quilt hexagonal. Estarão à venda itens como almofadas, mochilas, jogos americanos, peças em ponto cruz, bolsas, entre outros. Além disso, o espaço também oferece peças decorativas elaboradas com o reaproveitamento de resíduos têxteis, como conjuntos de mesa, tapetes, panos de limpeza, paineis de parede, porta-guardanapos, chaveiros e bancos, contribuindo para a sustentabilidade e valorização do trabalho manual.

A loja também representa uma oportunidade para que os internos recebam reconhecimento por seu trabalho, por meio da Central de Artesanato do Ceará (CEART). Nos últimos anos, mais de 1.600 internos e 400 internas foram beneficiados com a identidade artesanal, e até 2025, espera-se que mais de 2.000 artesãos sejam contemplados. Ao comprar uma peça de artesanato da loja do projeto, os consumidores contribuem diretamente para o processo de ressocialização, já que todos os recursos gerados pela comercialização são depositados no Fundo Rotativo do Sistema Penitenciário do Ceará. Esses recursos são reinvestidos em políticas de educação, capacitação, trabalho nas unidades prisionais e programas de inclusão social para os egressos do sistema penitenciário cearense.

Além da loja na Feirinha da Beira Mar, o projeto “Arte em Cadeia” também conta com outras três lojas físicas em Fortaleza, ampliando o alcance das peças produzidas pelos internos e internas do sistema penitenciário cearense. A primeira delas está localizada no Centro de Turismo do Ceará, antiga Casa de Detenção de Fortaleza, e foi a pioneira no projeto. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, aos sábados das 8h às 15h e aos domingos das 8h às 12h. Outra loja está no Shopping RioMar Kennedy, no andar L2, funcionando de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos das 13h às 21h. A terceira loja fica no Shopping Benfica, também com horário de funcionamento de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 13h às 21h, no andar L1. Essas lojas proporcionam mais oportunidades para que o artesanato produzido dentro do sistema prisional chegue ao público e contribua diretamente para a ressocialização dos internos.

O secretário da administração penitenciária e ressocialização, Mauro Albuquerque, comemora mais uma loja física do projeto “Arte em Cadeia”. “É gratidão e uma grande missão poder ampliar o alcance de nossos projetos. São milhares de internos envolvidos em atividades de capacitação, educação e trabalho. O sucesso vem do controle e disciplina dentro do sistema prisional, permitindo que quem cometeu um crime se torne produtivo. Com mais de 30.000 pessoas capacitadas, observamos uma reincidência abaixo de 1% entre os egressos inseridos no mercado de trabalho, mostrando que investir no interno é investir na segurança pública”, disse.

O secretário da Regional 2 da Prefeitura Municipal de Fortaleza, George Lima, parabeniza a loja. “O projeto iniciado pelo secretário Mauro é muito importante, pois ajuda aqueles que mais precisam, como os internos. A parceria com a prefeitura é fundamental, oferecendo um espaço valioso como a Feirinha da Beira-Mar, conhecida nacionalmente e visitada por turistas. Começar com a primeira loja neste local é um ótimo começo, e espero que essa parceria cresça ainda mais”, afirma. 

O desembargador e supervisor do grupo de monitoramento e fiscalização do sistema carcerário do tribunal de justiça do Ceará, Henrique Jorge Holanda, fala da importância da união das instituições em prol da ressocialização. “O Ceará já se tornou um Estado de referência e esta loja é mais uma ferramenta para construir algo bem maior. Esse é mais um projeto realizado com a colaboração de diversas mãos, incluindo órgãos da sociedade civil, Ministério Público, Defensoria Pública, secretarias e, claro, o Judiciário. Todos nós trabalhamos juntos para tentar minimizar e humanizar as condições enfrentadas pelos presos”, destacou.

A cliente nascida na Bahia e residente de Fortaleza, Isabela Carlos, visitou a nova loja da Beira Mar e parabenizou o projeto. “Ao conhecer o projeto, fiquei encantada não apenas pela beleza do artesanato, mas também pela oportunidade de apoiar a ressocialização de presidiários. A marca combina arte e impacto social, oferecendo a chance de ensinar um novo ofício a essas pessoas, o que considero extremamente importante. Já adquiri diversos produtos, como bolsas e um organizador de macramê para o quartinho da minha filha, e apoio totalmente essa causa”, concluiu. 

Projeto “Arte em Cadeia”

O artesanato é uma das principais atividades desenvolvidas para os internos no sistema prisional do Ceará. Além de proporcionar uma expressão artística e retorno financeiro, essa prática contribui para a qualificação, ocupação, elevação da autoestima, projeção de um futuro positivo e, ainda, para a remição de pena das pessoas privadas de liberdade.

A Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso, da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização, tem fortalecido esse trabalho por meio dos projetos “Arte em Cadeia”, “Rede Artesã” e “Reciclarte”. Esses projetos incentivam a cultura e abrem novas possibilidades de vida para os internos do sistema penitenciário cearense.

No âmbito do projeto “Arte em Cadeia”, os internos não apenas aprendem uma nova profissão, mas também recebem o benefício da remição de pena, que garante a redução de um dia de pena a cada três dias de trabalho. Os recursos arrecadados com a comercialização das peças são depositados no Fundo Rotativo do Sistema Penitenciário Cearense – FUROPEN, criado pela Lei Estadual n° 17.610, de 6 de agosto de 2021. Esses recursos são utilizados para a manutenção dos estabelecimentos prisionais e para financiar atividades de reintegração social da população carcerária.

Reciclarte

A arte nas unidades prisionais contribui de forma significativa para o processo de humanização e ressocialização dos internos, promovendo mudanças por meio de trabalhos diversificados oferecidos pela SAP. O artesanato, assim como outras atividades realizadas dentro dos presídios, possui um forte poder transformador.

Além do projeto “Arte em Cadeia”, a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso também desenvolve o projeto “Reciclarte”. Este projeto teve início na Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo (UP-Pacatuba) e é conduzido pela artista plástica Socorro Silveira. A iniciativa busca implementar uma nova dinâmica de oficinas de trabalho, utilizando resíduos têxteis doados pela empresa Malwee, que opera dentro do sistema prisional e é especializada na confecção de peças de vestuário.

Os internos são capacitados em diversas técnicas de reaproveitamento de materiais recicláveis em suas criações, com foco na sustentabilidade e na promoção da arte por meio da utilização de materiais menos convencionais.