Internos da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes participam da 6ª Conferência Estadual dos Direitos Humanos do Ceará com apresentação teatral sobre Consciência Negra
17 de outubro de 2025 - 10:48
A arte como instrumento de transformação social e valorização da diversidade ganhou destaque na 6ª Conferência Estadual dos Direitos Humanos do Ceará, realizada nos dias 14 e 15 de outubro, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Ceará (OAB-CE), em Fortaleza. O evento é promovido pela Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih), em parceria com o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDDH).
Representando o sistema prisional cearense, internos e internas da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes (UP-Imelda) marcaram presença com a apresentação do grupo teatral “Falando Português”, formado por pessoas privadas de liberdade da unidade. O grupo encenou a peça “Consciência Negra”, uma emocionante viagem pela trajetória do povo negro no Brasil.
A montagem retrata desde o período da escravidão até os dias atuais, abordando as lutas, desigualdades e a força da cultura afro-brasileira. O espetáculo encerra com uma reflexão inspiradora sobre a vida e o legado de Nelson Mandela, símbolo mundial da resistência, da liberdade e da igualdade racial.
A participação dos internos da UP-Imelda na Conferência reforça o compromisso do sistema prisional cearense com a ressocialização e o fortalecimento da cidadania, por meio de iniciativas que unem cultura, arte e educação em direitos humanos.
A Conferência Estadual é o principal espaço de participação social e construção coletiva de políticas públicas voltadas à promoção e defesa dos direitos humanos no Ceará. A edição deste ano reúne mais de 150 delegados eleitos nas Etapas Livres regionais, representando a sociedade civil e o poder público.
Durante o evento, os participantes debatem temas centrais como democracia, igualdade, justiça social, enfrentamento das violações e fortalecimento da institucionalidade dos direitos humanos. As propostas aprovadas serão levadas à 13ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, que acontecerá em Brasília, no mês de dezembro.
A secretária dos direitos humanos do Ceará, Socorro França, parabeniza a ação.“É um sentimento de muita alegria e de humanismo. É muito importante ver essas pessoas que hoje estão na Unidade Irmã Imelda tendo a oportunidade de se apresentar, de mostrar a arte e a cultura. Muitas delas talvez nunca tenham tido essa chance antes. Quem sabe, isso não representa também um sentimento libertário? A arte e a cultura podem ser caminhos de libertação. Parabenizo o sistema prisional e o secretário Mauro pela sensibilidade de compreender que a ressocialização não acontece apenas pelo trabalho, mas também por meio da arte e da cultura”, atenta.
A presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Ormezita Barbosa, fala da importância da presença dos internos na conferência. “É uma alegria muito grande receber o grupo de teatro aqui, porque representa, na prática, aquilo que defendemos: a ressocialização e a promoção da dignidade das pessoas. A arte e a cultura são instrumentos poderosos de reintegração, e ver esse trabalho acontecendo dentro da conferência é muito significativo. Essa experiência mostra como as ações concretas podem realmente transformar vidas”, disse.
O diretor da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes (UP-Imelda), Paulo César, comemora mais um evento. “É um privilégio acompanhar mais uma apresentação do grupo teatral Falando Português, da Unidade Irmã Imelda. Cada peça é uma verdadeira aula de conscientização e valorização da cultura afro-brasileira. Ver o grupo crescendo, amadurecendo e levando arte para além dos muros da unidade é motivo de muito orgulho. Esse avanço é resultado do esforço coletivo e do compromisso da nossa equipe com a ressocialização e a reconstrução da trajetória dos internos”, atenta.
O interno da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes (UP-Imelda) e coordenador do grupo teatral Falando Português, Fagner Carlos, fala sobre a experiência de levar cultura nos eventos externos. “É uma alegria muito grande poder levar nossa arte para fora dos muros e mostrar o que produzimos dentro do sistema prisional. O teatro tem sido uma ferramenta de transformação para todos nós, porque através dele conseguimos expressar sentimentos, refletir sobre nossas histórias e aprender a conviver em grupo. Mesmo privados de liberdade, nos sentimos parte da sociedade quando apresentamos nossas peças e recebemos o reconhecimento das pessoas. Cada externa é um passo importante na nossa ressocialização e um sinal de que é possível recomeçar com dignidade. Somos muito gratos ao secretário Mauro e a todos que acreditam e apoiam o nosso trabalho”, afirma.