Artesanato produzido por pessoas privadas de liberdade é ampliado no sistema prisional do Ceará
9 de fevereiro de 2022 - 17:40
O artesanato é uma atividade que representa uma expressão cultural no aspecto econômico e turístico da nossa região. No sistema prisional, a Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso da Secretaria da Administração Penitenciária tem fortalecido esse trabalho através do projeto “Arte em Cadeia”. O projeto incentiva a cultura e possibilita uma nova realidade aos internos do sistema penitenciário cearense.
O Centro de Detenção Provisória (CDP) iniciou o processo de capacitação profissional dos seus internos através do artesanato na unidade. É a sétima unidade beneficiada. O projeto também está no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa (IPF), a Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Jucá Neto (CPPL 3), Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo (Pacatuba) e Casa de Privação Provisória de Liberdade Agente Elias Alves da Silva (CPPL 4).
Tenerife é a técnica principal ensinada por um interno artesão convidado pela CISPE, para participar do projeto como instrutor. Ao todo, são 14 internos que participam da oficina e desenvolvem peças como casacos femininos e caminhos de mesas que ganham cada vez mais destaque nos pontos de vendas. Os produtos são vendidos e expostos numa loja do Centro de Turismo do Ceará (Emcetur) além de vendas itinerantes.
A Coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso da SAP, Cristiane Gadelha, se sente muito animada pela ampliação do “Arte em Cadeia”. “Direcionamos um interno que já foi nosso trabalhador e se tornou artesão. Ele conhece a técnica do tenerife e resolvemos convidá-lo para ser professor junto com a orientadora na oficina. Estamos na expectativa de aumentar mais ainda a turma. À medida que eles são capacitados, vamos aumentando o número de internos. Nossa missão é levar trabalho, ocupação, capacitação e oportunidade no interior das unidades. Estamos muito felizes com o resultado alcançado”, assegura.
Para o interno e professor da oficina de artesanato do Centro de Detenção Provisória (CDP), Jeferson Carvalho, ensinar para outras pessoas o que aprendeu no artesanato é gratificante. “Aprendi a técnica tenerife em outra unidade e me deram a oportunidade de ensinar outros internos no CDP. Estamos evoluindo e usando nossa criatividade para produzir as peças. Esse trabalho é muito importante para nos dar esperança de montar até nosso próprio negócio. Além disso, é uma terapia. Quero agradecer a chance que estão nos dando para um futuro melhor através do artesanato”, disse.
A professora e arte educadora, Luciana Eugênio, relata a experiência no projeto. “Meu maior processo dentro do projeto tem sido a troca de aprendizado. Costumo dizer que é um processo “aprendente” e “ensinante”. Pois além de ensinar, aprendemos com eles também. São pessoas muito dedicadas e o que aprendem com facilidade. As pessoas que consomem esses produtos devem saber que cada peça tem uma história e uma alma. Cada detalhe possui muitos sentimentos como esperança e gratidão. É um caminho que muitos abraçam e que pode ser o início de uma nova vida”, ressalta.
Projeto “Arte em Cadeia”
A arte nas unidades prisionais contribui para o processo de humanização e ressocialização dos internos através dos trabalhos diversificados oferecidos pela Secretaria da Administração Penitenciária. O artesanato tal como outras atividades existentes dentro dos presídios têm reflexo transformador.
A confecção gira em torno de 500 peças por mês e toda a renda arrecadada é revertida em prol do projeto, para a aquisição de mais materiais para a continuidade dos trabalhos.
Os internos artesãos, além de aprenderem uma nova profissão, recebem como benefício a remição de pena de um dia para cada três dias trabalhados na produção. A capacitação, além de preencher de forma funcional o tempo de reclusão, é uma oportunidade de reinserção social.